TEXTOS BACANINHAS

A importância e contribuição da escola para o desenvolvimento da criança com necessidades educacionais especiais

Quando falamos em crianças deficientes, em indivíduos que tem necessidades especiais, o que vem a sua cabeça? Quando pergunto isso para pessoas leigas ouço que são as surdas, cegas, cadeirantes, com síndrome de Down. Correto! Mas na verdade temos muito mais pessoas que precisam não simplesmente de rampas de acesso, profissionais que saibam libras ou placas em Braille.

E as crianças que tem dificuldade de socialização? E aquelas que tem problemas com alimentação? E tantas outras coisas que fazem com que se SINTAM EXCLUÍDAS e possam necessitar de uma atenção especial...

Todos nós somos especiais, todos temos uma diferença. Ninguém é igual (que bom, o que seria do mundo se todos fôssemos engenheiros por exemplo...). Cada pessoa tem a sua particularidade, sua singularidade, o que a gente chama de subjetividade, que a faz diferente dos demais. Mas, em algumas crianças, estas pequenas divergências muitas vezes fazem com que elas se desenvolvam de um modo atípico.

Desenvolver-se atipicamente não significa que estão se desenvolvendo de modo errado ou que são menos desenvolvidos em determinados aspectos, mas sim, são sujeitos que se desenvolvem de uma maneira diferente dos padrões esperados. E o ambiente que este está inserido é bastante responsável pelo seu desenvolvimento não só físico, mas global.

Há alguns anos estava no clube com meu filho de um ano e onze meses (hoje com 12 anos e meio), e ele estava tagarelando com outras crianças no parquinho. As mães me indagaram: Nossa, ele fala tudo né? Ele já vai na escolinha??? Chegamos ao ponto do tema da nossa conversa: Sim, ele vai na escolinha!

É claro que não posso dizer que meu filho já era um tagarela apenas porque já frequentava a escola. Ele tem pais professores que falam o dia todo, tem um irmão e 4 primos mais velhos, adora TV e ouve músicas infantis.Mas a escola em questão faz parte do ambiente em que esta criança está inserida E com certeza ela tem a sua contribuição para o modo de desenvolvimento do meu filho e de qualquer indivíduo.

Algumas teorias defendem que nascemos com alguns padrões biológicos que nos pré dispõe a um modo de interação com o ambiente. Porém estando o indivíduo em contato com este ambiente, ele pode ser reforçado de tal maneira que pode modificar o seu comportamento.

De acordo com Vygotsky, a interação do sujeito com a ambiente é responsável por seu desenvolvimento. Piaget, ao estudar o desenvolvimento cognitivo, também observou que era no ambiente que a criança era capaz de construir o seu conhecimento de forma ativa, experimentando e vivenciando situações. Já Albert Bandura, defende que a criança aprende por modelação, ou seja, observa, imita os seus modelos preferidos, sejam eles pais, irmãos, amiguinhos, ou heróis da televisão.

Então , fica claro, que uma criança que freqüenta a escola, um ambiente estimulador, cheio de cores, formas, sons,cheiros, pessoas (que possuem culturas diferentes), terá a oportunidade de construir esquemas bastante importantes para o seu desenvolvimento.

E se para as crianças típicas, a escola pode ser um ambiente facilitador para seu bom desenvolvimento, para aquelas que necessitam de cuidados especiais, as chamadas atípicas, a escola também pode ser um ambiente extraordinário para que elas alcancem os seus objetivos. Estas crianças que se desenvolvem de uma maneira atípica, diferente, que são conhecidas como crianças com necessidades especiais são aquelas que, por alguma espécie de limitação requerem certas modificações ou adaptações no programa educacional, nas ferramentas utilizadas pelos professores, na metodologia escolhida, para que possam atingir todo seu potencial. Essas limitações podem advir de problemas visuais, auditivos, mentais ou motores, bem como de condições ambientais desfavoráveis


Devemos lembrar também que estes objetivos não precisam ser comuns para todas as crianças. Não é necessário que todas elas leiam e escrevam da mesma maneira, ou que todas as crianças de uma mesma série tirem uma mesma ótima nota em determinada matéria. É preciso saber que não precisamos ser bons em tudo.

De acordo com Vygotsky a escola, é um espaço interativo possuindo grande papel no desenvolvimento, oportunizando a integração social, impulsionando a aprendizagem, propiciando as compensações às necessidades especiais... O aprendizado é uma das principais fontes da criança em idade escolar, e é também uma poderosa força que direciona o seu desenvolvimento, determinando o destino de todo o seu desenvolvimento mental.

Na escola, o importante é conhecer como o aluno se desenvolve, sem enfatizar a deficiência em si mesma. Sem enfocar o que falta, porém como se apresenta o processo de desenvolvimento; como ele interage com o mundo.

Quando se limita a oportunidade de integração das crianças com necessidades especiais com seu meio social, ou seja, se não deixarmos que ela freqüente uma escola, pode-se interferir em seu desenvolvimento global. A sua exclusão deste meio pode trazer complicações futuras relacionadas ao desenvolvimento social por exemplo, tendo prejuízo na aprendizagem e no desenvolvimento.

Uma criança com paralisia cerebral pode alcançar os colegas escrevendo com letra cursiva, uma criança com síndrome de Down pode falar mais claramente se conversar com coleguinhas de classe...ou seja as produções destas crianças são possíveis, basta incentivar.

Em se tratando de produção, Erik Erikson, psicanalista, dizia que a criança em idade escolar, passa por um processo de grande produtividade, porém, se o ambiente não for acolhedor ela pode se sentir inferiorizada e acabar prejudicando o seu desenvolvimento de personalidade. Qualquer criança, não somente a especial.

O que queremos dizer com ambiente acolhedor? Escola, família, outras instituições, podem ajudar todas as crianças, e principalmente aquelas com necessidades especiais, a sentirem confiança nelas mesmas. Elas precisam sentir que são capazes de produzir, mesmo que de um modo diferente, mas que são capazes de produzir.

Bom, encerro aqui o meu bate papo,deixando uma mensagem:

A criança especial, atípica, diferente, com necessidades especiais...chamem do que vocês quiserem...que está inserida dentro do contexto sócio cultural que é a escola, com certeza obtém muitos ganhos em seu desenvolvimento global: Convive com as pessoas, sofistica a sua cognição, é mais sociável, entre outros..., mas também ajuda as pessoas que estão ao seu redor a enxergar o mundo de outra maneira. Quando bem orientados, os coleguinhas de classe aprendem valores valiosíssimos e com certeza terão uma visão muito melhor sobre a questão da necessidade da inclusão e respeito ao próximo.

Marcia Dilburt Vaisbih

(2010)

Psicóloga educacional e mãe especial 

Ter hábitos de leitura desde cedo ... tudo de bom!

E lá estão eles novamente! Papai e mamãe sentados na beira da cama do seu caçulinha, escolhendo qual será o livro que a família irá ler antes de dormir.Esta é uma cena típica! A criança vai para a cama e pede uma historinha. Começa a gostar dos livros pelas suas cores, texturas e sons, começa a ler sozinha, e mais tarde vai tornar-se um grande leitor. Será?

O hábito de leitura é adquirido - como qualquer outro hábito - a partir das interações do indivíduo com o seu meio . Então, para "ensinar" uma criança a gostar de ler, para que ela adquira o hábito de leitura desde cedo, temos que inseri-la neste universo tão colorido e prazeroso!

Bebês podem ter contato com livros sim! Até os dois anos de idade mais ou menos, a criança conhece o mundo a sua volta através dos órgãos dos sentidos. Ela explora tudo que tem ao seu redor a partir dos esquemas sensoriais motores que está colecionando desde o início de sua vida. Na teoria do desenvolvimento cognitivo, esquemas significam ações básicas de conhecimento. Então os livrinhos acabam virando brinquedos que elas levam à boca, amassam, mordem, jogam...ou seja brincam! Tudo isso para fazer uma nova descoberta a cada momento.

O importante nesta fase é proporcionar prazer para a criança. Todos os movimentos novos que ela descobre são repetidos para que se mantenham. Logo, se ao virar uma página do livrinho na hora do banho, aparece uma imagem linda e colorida que a criança realmente gostou de olhar, ela com certeza vai tentar repetir o movimento que num primeiro momento fez ao acaso. E repetindo os movimentos ela acaba aprendendo novos comportamentos. Pronto! Seu bebê acaba de aprender como virar as páginas do livro!

Um movimento prazeroso para o bebê acabou de ser surpreendentemente importante para que a cognição dele se sofistique e ele se desenvolva cada vez mais. E esta brincadeira está contribuindo para vários aspectos do desenvolvimento. Além da inteligência, há o desenvolvimento da parte motora e as questões afetivas e sociais também aparecem.

Nesta fase então, é importante que os livros sejam de pano, plástico, borracha, para que possam ser realmente explorados. Cores e texturas diferentes também são muito bem vindas. As variedades nos estímulos fazem com que o bebê e a criança pequena queiram explorar cada vez mais.

É importante também, que os livros sejam oferecidos, mostrados ao bebê. Pois o interesse dele nesta idade, só aparece ao visualizar o objeto.

Então , para que a criança lá do início do nosso bate papo, realmente torne-se um grande devorador de livros, como com certeza os pais devem sonhar, tem um caminho enorme pela frente. Mas este já é um ótimo começo!

Marcia D Vaisbih/ 2016

Minha filha foi mordida na escola. Pode isso, senhora diretora?

Quantas vezes não presenciamos mães indignadas (para não dizer assustadoramente bravas), com crianças de dois ou três anos (e obviamente com suas mães...), que deram mordidas nas bochechas, braços e mãos dos seus filhotinhos?? E lá estão elas, na porta da escola, querendo falar com a diretora!

A gente entende. Mãe é leoa. Mãe é ursa. Defende a cria. Mas vamos entender um pouquinho mais sobre esse negócio das mordidas.

Sim, seu filho vai levar mordidas nos primeiros anos de educação infantil. E sim, ele vai morder também!

O fato é que, de acordo com a teoria do desenvolvimento Psicossexual de Sigmund Freud, a criança, desde quando nasce até aproximadamente seus dois anos de idade, tende a conhecer todo o universo externo com a boca. Ela morde, lambe, chupa, põe tudo na boca: É a famosa FASE ORAL, onde a criança tem um prazer imenso na zona da boca. Descobre sensações gostosas mamando, chupando chupeta, colocando os dedinhos na boca, mordiscando, lambendo. E tudo isso faz com que ela aprenda sobre o mundo ao seu redor.

Morder um objeto, um brinquedo, faz com que a criança o explore, o conheça. E isso é extremamente importante para o seu desenvolvimento cognitivo, de acordo com Jean Piaget. A partir dos esquemas sensoriais, essa criança vai adquirindo conhecimentos novos sobre o universo que a cerca.

Mas, conforme ela vai crescendo, vai experimentando novos sentimentos, como frustração, raiva, abandono. E, como ainda não consegue verbalizar, pois ainda é pequenininha e não adquiriu a linguagem, ela tende a se defender também com a boca. Aí surgem as mordidas.

Ahhhh! Nos outros!

De verdade, a mordida faz parte do desenvolvimento da criança. Porém, não é porque é algo comum, e até esperado, que devemos deixar que aconteça repetidamente.

O que podemos fazer, então?

Adultos tem de ser os mediadores. Ou seja, é preciso mostrar para a criança que existem outras maneiras de demonstrar seus sentimentos. Não precisa bater, chutar, puxar cabelos ou morder!!! Assim, imitando o comportamento adulto, essa criança vai aprender que a comunicação pode ir além dos movimentos corporais.

Mas morder é tão, tão gostoso!!!!

Mamães, papais, cuidadores, educadores e todo mundo que convive com crianças pequenas, tem de entender que a estimulação oral é importante nesta fase, tanto na perspectiva cognitiva, quanto na perspectiva emocional, para desenvolvimento da personalidade. Por isso, brinquedos atóxicos, livros de banho, materiais que podem ser levados à boca são super bem-vindos para um bebê explorador.

Quando privamos essa criança desta oralidade nessa idade, pode ser que ela fique com uma carência na fase oral ou até uma fixação nela. Prejudicando, assim, o desenvolvimento de traços saudáveis de personalidade. Portanto, pode sim morder brinquedos, mordedores, chupetas e colocar dedo na boca. É gostoso demais, dá prazer e a criança aprende!

E no lugar de ficar brava com a criança de dois aninhos ou até bloquear a mãe dela no face e no watts - pois no seu pensamento criança que morde provavelmente não foi bem educada em casa - a mamãe que queria falar com a diretora da escola para pedir satisfações em relação à mordida deve ler este texto aqui!

Até porque esta fase passa. A criança, aos dois anos, caminha rumo ao desmame. E com desmame, a gente quer dizer que ela tende a parar de ter esse imenso prazer oral apenas. Perde o interesse pela mamadeira, explora objetos com outros órgãos e sentidos, começa a desenvolver a linguagem e descobre que ela é uma ótima ferramenta para a comunicação! E isso faz com que ela adquira traços de independência e autonomia!

As crianças crescem. E as fases mudam!

Marcia Dilburt Vaisbih

2018


DIVERTIDAMENTE

Adoro cinema infantil. Não perco uma animação. Além de divertidos, sempre passam algumas mensagens. Claro que nem sempre mensagens alegres e coloridas, mas a vida nem sempre é cor de rosa e as crianças precisam lidar com frustrações.

Vamos conversar um pouquinho sobre o filme Divertida Mente? Sabiam que existem várias explicações da psicologia para os acontecimentos do filme? Quem está no comando de nossas emoções? Como o nosso tônus muscular se modifica imediatamente quando sentimos medo, alegria ou tristeza?

De acordo com Izabel Galvão, em seu livro sobre a teoria Walloniana, a emoção encontra-se na origem da consciência, operando a passagem do mundo orgânico para o social, do plano fisiológico para o psíquico. Ou seja, existe um o equipamento orgânico responsável pelo controle e comando das emoções. Estamos falando do nosso cérebro.

No filme Divertida Mente, da Pixar, no cérebro de Rilley, uma garotinha de 11 anos, convivem várias emoções diferentes como a Alegria, a Tristeza, o Medo, a Repulsa e a Raiva. Essas emoções se entendem muito bem e acionam os controles que modificam os comportamentos (e com certeza as expressões faciais) da garotinha em várias situações diferentes.

Por incrível que pareça, tudo isso acontece mesmo no nosso cérebro. Wallon, psicólogo francês, estudou muito as emoções. Pesquisas anteriores afirmavam que as emoções podiam ter um efeito desagregador, com reações incoerentes e tumultuadas, perturbando a atividade motora e intelectual; ou um efeito ativador, com reações positivas que provocam aumento de disponibilidade energética, útil para a ação sobre o mundo físico. Wallon resolveu não tomar partido de uma ou outra teoria a respeito das emoções. Buscou compreendê-las para aprender qual a sua real função. Pois, certamente, se fossem desnecessárias, a adaptação do nosso organismo não manteria os centros nervosos responsáveis por sua regulação.

Esse longo estudo mostra que todas as emoções podem ser vinculadas à maneira de como o tônus se forma, resultando até mesmo em uma classificação das emoções segundo o grau de tensão muscular a que se vinculam. O fato das emoções estarem vinculadas a essas reações expressivas deve-se à existência da FUNÇÃO POSTURAL OU TÔNICA, que é responsável pela regulação das alterações do tônus muscular.

Logo, quando Rilley, a menininha de 11 anos que teve que mudar de casa, de escola e de rotina, passa por um turbilhão de diferentes emoções que mexem com o seu comportamento, suas expressões faciais se modificam de acordo com os sentimentos e sensações vivenciados por ela.

Outra passagem muito interessante do filme se refere às nossas lembranças esquecidas. Lá dentro do cérebro de Rilley, longe da sala de comandos onde vivem os personagens-emoções, outros trabalhadores existem. Eles fazem uma " limpeza" em memórias que já não são mais tão lembradas. Sugam as memórias com uma espécie de aspirador de pó e elas vão para um espaço que mais parece um lixão. Ora, isto é realmente necessário. Imaginem se tudo o que nos acontece, desde o momento em que nascemos até o presente, ficasse registrado na nossa memória? Não teríamos espaço. É o que os cientistas chamam de " mecanismo de poda".

Funciona da seguinte maneira: nos dois primeiros anos de nossas vidas, a sinaptogênese, que é o processo de criar conexões (sinapses) entre os neurônios, ocorre a uma taxa rápida no córtex, resultando em uma triplicação do peso total do cérebro . Sendo assim, algumas conexões desnecessárias podem ser " eliminadas" para que todo o sistema opere de maneira mais eficiente.

Realmente o corpo humano trabalha de uma forma extremamente inteligente. Assim como a nossa mente. Ela é capaz de nos proteger de lembranças dolorosas, somente para que não tenhamos a sensação de angústia. Freud foi um médico austríaco que fundou a psicanálise. Sua grande colaboração foi a descoberta do inconsciente. O inconsciente é uma parte de nossa psique onde estão armazenadas as coisas reprimidas, ou seja, algumas das coisas que são dolorosas, embaraçosas ou que de alguma maneira não nos fazem bem.

No filme, podemos acompanhar uma passagem em que a Alegria e a Tristeza encontram um lugar com muita coisa jogada, coisas provavelmente que não eram mais lembradas por Rilley. No meio dessas coisas, há um palhaço enorme adormecido. Provavelmente lidar com o medo do palhaço não era uma coisa das mais agradáveis. Por isso, a mente de Rilley se encarregou de "reprimir" essa lembrança para que não precisasse entrar em contato com ela. As lembranças reprimidas não são fáceis de serem acessadas, já que o mecanismo da resistência se incumbe de não deixar que apareçam.

Neste passeio pela mente de Rilley, Alegria e Tristeza encontram um personagem cor de rosa, com rabo de gato e corpo de algodão doce, chamado Bing Bong. É o amigo imaginário de Rilley, mas que não aparecia nas lembranças da menina havia muito tempo.

Na teoria do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget existe uma explicação para o aparecimento de amigos imaginários. As crianças em fase pré-escolar, entre 2 e 7 anos de idade, encontram-se em um período chamado de PERÍODO PRÉ OPERACIONAL. Ou seja, pensamentos e ações são muito misturados e a maneira como a criança pensa e age é até engraçadinha. Tudo isso por conta da principal característica dessa fase, o EGOCENTRISMO, que se manifesta na questão social, intelectual e na linguagem.

Neste período é muito comum o aparecimento de amigos imaginários. Algumas crianças os inventam apenas para fazer companhia. Outras, realmente precisam deles para encarar medos ou carências. Mas eles tendem a desaparecer quando essa criança encontra em suas relações sociais a segurança necessária para continuar caminhando.

No caso de Bing Bong, ele tinha "sumido", ficando apenas nas lembranças ocultas de Rilley que pouco a pouco estavam sendo "podadas". Mas, assim que a Ilha da Amizade foi destruída, ele reaparece para ajudar Tristeza e Alegria. Muitos, inclusive eu, ficaram tristes no filme, quando ele desaparece de verdade. Porém, assim são os amigos imaginários. Eles existem apenas quando precisamos deles.

Depois a gente cresce, consegue um grupo de amigos de verdade e os amigos imaginários ficam apenas na lembrança.

Enfim, este é um filme recheado de passagens emocionantes.

Não está mais em cartaz, mas recomendo!


Marcia Dilburt Vaisbih

14/01/16 

Adolescer é difícil...

Todas as pessoas que eu converso dizem que o adolescente é rebelde.

Até usam o título da música do Ultraje a rigor dizendo que eles são rebeldes sem causa.

Mas eu...eu sempre digo que ele é rebelde sim. Porém ele é rebelde COM CAUSA!

Vamos entender o que é ser rebelde!

Rebelde é um adjetivo para qualificar alguém que não obedece ninguém e nem escuta conselhos, que acredita que possui uma autoridade legítima.

Ok, o adolescente é um fulano que tende a não escutar ninguém e que acha que sabe tudo. Mas quais as razões para este comportamento? Quais as causas desta rebeldia?

Algumas teorias explicam que a adolescência é uma síndrome. Síndrome significa um conjunto de sintomas. Vamos pensar num fulaninho de 12 anos que começa a perceber vários destes sintomas, causados por mudanças hormonais, gerando mudanças físicas, que consequentemente mexem com questões emocionais e interferem nas relações grupais...


Ele perde o seu corpo infantil. A menina não consegue mais pular corda por conta de um peito que pula junto com a brincadeira. E ela sangra. O menino tem uma voz esquisita. Fina e grossa ao mesmo tempo. E começa a ter pelos pelo corpo. São desengonçados e cheios de espinhas na cara. Crescem desenfreadamente e de uma maneira desproporcional. Quem não se rebelaria?



Daí ele já tem uma certa idade e a mãe e o pai ditam algumas regras. Tipo que agora ele já deve arrumar o quarto sozinho, pois já é crescido. Já pode ficar sozinho em casa com os irmãos mais novos, pois é grande e pode ajudar a tomar conta. Tem a chave de casa e é responsável em esquentar o almoço para estes irmãos. Afinal, ele é grande...Mas daí chega o final de ano e ele quer viajar com a namorada e NEM A PAU! Você é um fedelho! Quem não se rebelaria?

O fato é que cognitivamente, este nosso personagem é tão sofisticado, tão capaz de abstrair coisas do meio em que vive, que fica cada vez mais complicado definir a sua real identidade.

Ele não é mais criança. Mas também não é adulto. Aí chega a crise. Crise de identidade de verdade. Identidade pessoal, sexual, profissional. Coisa séria mesmo. Pedem para ele escolher o que será quando crescer, pedem para ele dizer se quer namorar o João ou a Maria , enfim, ele precisa escolher tudo...E aos 15/16 anos? Quem não se rebelaria?

Daí ele começa a se opor. Diz não para tudo. Aliás, grita não para tudo.

A gente até compara com as criancinhas de 2 anos que passam por uma crise de oposição para a formação da personalidade. Mas, apesar das crises serem parecidíssimas e com o suposto mesmo objetivo, tem algumas sutis diferenças: A criança pequena enfrenta tudo e todos e nega aqueles que são diferentes dela, pois precisa se entender enquanto ser diferenciado. Formação da personalidade.

O adolescente já passou por isso tudo dos 2 até os 7 anos aproximadamente e supostamente já formou a sua personalidade. Mas aí eu te pergunto: Você pode ser igual ao que você era quando tinha 7 anos, tendo agora 15? Você tem os mesmos gostos, os mesmos sonhos? E principalmente, o mesmo corpo??

Não! Então você precisa de uma reforma.

Pois é: O adolescente está em processo de reforma. É um tempo chato e difícil. Tipo lá na sua casa, quando decidiu reformar que ficava cheia de pedreiros, marceneiros, deixando uma confusão só.

É um tempo em que ele se opõe, porém com o objetivo de individuar-se para reorganizar o seu jeito de ser, reformular a personalidade já formada. Igual lá sua casa, que você mandou pintar de outra cor, e mudou tudo dando uma outra cara.

É um tempo suado para nós, pais e professores. Mas também é bem penoso para eles.

Rebeldes? Sim, mas com muita causa!

Por Marcia Dilburt Vaisbih, 2019

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